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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Copa do Mundo no “país do futebol”

A copa do mundo de futebol é realizada no Brasil, pela segunda vez, na alegria que o esporte proporciona a cada pessoa. O Brasil é o “país do futebol”. Um país de imensa riqueza cultural e de gente hospitaleira. 
Diante das desigualdades sociais no Brasil, a Copa do Mundo se torna, portanto, ocasião de reflexão da sociedade sobre as relações pacíficas e culturais entre as pessoas e sobre os aspectos sociais e econômicos que envolvem o esporte.
As manifestações populares a partir de junho de 2013 reivindicam sabiamente políticas públicas eficazes, que garantam saúde, transporte de qualidade, educação, segurança e vida digna da pessoa humana. São gritos por mudanças no cenário atual de corrupção, exclusão social e desrespeito aos valores humanos.
A mensagem das ruas é contra toda uma economia vigente de exclusão e desigualdade social. E com toda certeza: a desigualdade social causa reação violenta por um lado dos que são excluídos por um sistema injusto e, por outro, os que o defendem em proveito próprio e não aceitam mudanças. Os vandalismos, pessimismos e até mesmo torcida para que a Copa não dê certo enfraquecem essa oportunidade de crescimento qualificado da consciência política dos cidadãos brasileiros. A quem interessa hoje o enfraquecimento da consciência política? Muitos estão nesse campo, conscientes, e outros, inconscientemente.
A facilidade mediática - redes sociais - tem permitido que fatos, antes despercebidos, sejam conhecidos em curto espaço de tempo. As notícias circulam em maior quantidade e com mais rapidez. A violência tem aumentado em diferentes modalidades. As notícias têm diferentes objetivos, para além do interesse de bem informar. Existe um grande incentivo ao consumo numa realidade de desigualdade social e de mercantilização da vida, da sociedade e da cultura. Não existem iniciativas consistentes voltadas à melhoria das condições reais de vida. As condições apresentadas são sempre interesseiras e de dependências. Vive-se em plena ditadura social com uma falsa visão de liberdade.
Como bem diz o texto da mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre a Copa: “Não se pode admitir que a Copa aprofunde as desigualdades urbanas e a degradação ambiental e justifique a instauração progressiva de uma institucionalidade de exceção, mediante decretos, medidas provisórias, portarias e resoluções. O sucesso da Copa do Mundo não se medirá pelos valores que injetará na economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores. Seu êxito estará na garantia de segurança para todos sem o uso da violência, no respeito ao direito às pacíficas manifestações de rua, na criação de mecanismos que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis, e combatam eficazmente o racismo e a violência”.
Que o legado da Copa do Mundo no “país do futebol” seja verdadeiramente o fortalecimento da cidadania e da confraternização universal. Oportunidade importante para a promoção de sólidas transformações e respostas adequadas aos desafios vigentes. Que Deus abençoe a todos, a paz seja a nossa vitória e a Copa do Mundo no “país do futebol” irradie alegria.

               Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
                                                 Bispo Diocesano


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