Uma missa marcada para as 15:30h deste domingo (27) marca o encerramento
da face diocesana do processo de beatificação do Padre José Antônio Maria Ibiapina. O evento litúrgico acontecerá no distrito de
Santa Fé, no município de Solânea (PB), com presidência do bispo da Diocese de
Guarabira dom Francisco de Assis Dantas de Lucena. Na oportunidade, uma urna
com os restos mortais do Servo de Deus será exposta e novamente depositada na
capela do Memorial que leva o nome do candidato a santidade.
Os restos mortais já haviam sido removidos para exumação em outra
oportunidade, porém, desta vez a exumação tem caráter definitivo com direção de
membros da Congregação para Causas dos Santos do Vaticano, em Roma. A exumação
faz parte do processo de estudo para reconhecer oficialmente a santidade do
religioso.
O recipiente será levado para a parte interna da igreja ao fim da missa.
Depois de ser colocada em um túmulo aos fundos da pequena capela, o espaço
continuará aberto para visitação.
Os trabalhos de suplementação processual foram dirigidos pelo postulador
da causa o italiano Paolo Vilotta e o padre Paolo Lombardo da Congregação para
Causa dos Santos de Roma. Durante aproximadamente 10 dias eles ouviram
testemunhas e coletaram documentos que serão anexados ao processo que
encontra-se na Santa Sé. As atividades suplementares se deram na cúria
diocesana de Guarabira com a supervisão do bispo dom Lucena e o auxilio dos
padres Joanderson Lira na condição de juiz do Tribunal Eclesiástico, do
promotor padre Gaspar Rafael e o notário padre Alípio Morais.
Sobre
padre Ibiapina
Padre Ibiapina nasceu em 5 de agosto de 1806 e faleceu em 19 de
fevereiro de 1883.
Padre católico e missionário brasileiro nascido na Vila de Sobral, hoje
histórica cidade da Região Noroeste do Estado do Ceará, que recebeu ordens aos
47 anos e iniciou uma obra missionária, visitando várias regiões do Nordeste,
erguendo inúmeras casas de caridade, igrejas, açudes e outras obras em muitas
cidades do interior, deixando marcas significativas no apostolado do
catolicismo e na vida das pequenas comunidades desta região. Era filho de D.
Teresa Maria de Jesus e do tenente-coronel Francisco Miguel Pereira, que
participou da Confederação do Equador (1824) ao lado de José Martiniano de
Alencar, este pai do escritor José de Alencar. Ao final da Confederação, José
Martiniano de Alencar foi inocentado, mas o tenente-coronel Francisco Miguel
Pereira não teve a mesma sorte e foi fuzilado no Campo da Pólvora em Fortaleza,
local que passou a chamar-se, em homenagem aos participantes da confederação,
Praça dos Mártires e, atualmente, Passeio Público. Aos dez anos de idade sua
família mudou-se para a vila de Icó, onde seu pai passou a exercer a função de
tabelião público. Em Icó completou sua educação primária na escola do professor
José Felipe. Algum tempo depois (1819) mudou-se com a família para a cidade do
Crato, onde seu pai passou a ser tabelião da comarca recém-criada e ele passou
a estudar com o professor José Manuel Felipe Gonçalves. Em nova mudança a família
se transfere para Fortaleza (1823) e com a morte da mãe ele ingressa no
Seminário de Olinda. Com o início do movimento revolucionário denominado de
Confederação do Equador e o profundo envolvimento de seu pai, deixou o
seminário e voltou para Fortaleza (1824). Inclusive seu pai acrescentou o
sobrenome Ibiapina, passando-se a assinar Francisco Miguel Pereira Ibiapina, em
uma homenagem à povoação de São Pedro de Ibiapina, como também fizeram outros
confederados. Com a derrota do movimento, seu pai foi preso e fuzilado (1825)
e, órfão de pai e mãe, passou a trabalhar para sustentar os irmãos menores e
manter financeiramente a família. Também resolveu acrescentar o sobrenome
Ibiapina e com a família novamente estabilizada, retornou (1828) ao Seminário de
Olinda para continuar os estudos. Após seis meses de internato, desistiu da
carreira religiosa e ingressou no Curso de Direito de Olinda e bacharelou-se em
leis quatro anos depois (1832). No ano seguinte, tornou-se professor substituto
de Direito Natural na Faculdade de Olinda, foi eleito Deputado Geral e nomeado
Juiz de Direito da Comarca de Campo Maior, hoje Quixeramobim, na mesorregião
dos Sertões Cearenses, a terra de Antônio Conselheiro, notável
revolucionário místico da história do Brasil. Depois de alguns anos como juiz
em Campo Maior, período em militou no Partido Liberal, resolveu deixar a
magistratura e voltar para o Recife (1837) onde passou a exercer a advocacia em
Pernambuco e na Paraíba. Solteiro e aparentemente decepcionado com os tribunais
e a política, abandonou tudo para seguir a vida religiosa e novamente voltou ao
Seminário. Ordenando-se padre (1853) optou pela vida missionária e iniciou uma
grande peregrinação pelo sertão nordestino, praticando obras filantrópicas e
socorrendo os mais necessitados. Pregando, orientando, promovendo
reconciliações e também construindo obras como açudes, igrejas, casas
missionárias, cemitérios, dentre outras tantas possíveis, peregrinou por
Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba, criando uma legião de
seguidores. Com o tempo adquiriu fama de profeta e milagreiro e hoje é venerado
como um verdadeiro santo, especialmente pelo interior paraibano, onde foi mais
atuante. Faleceu no distrito de Santa Fé, então no município de Arara e hoje no
município Solânea, cidade do Brejo da Paraíba, aos 76 anos, deixando uma marca
religiosa e social voltada ao povo mais humilde, que alguns historiadores citam
que serviu de inspiração para outras notáveis personalidades da história do
Nordeste, como Antônio Conselheiro e Padre Cícero. Todos os anos, várias
romarias chegam ao Santuário de Santa Fé, localizado no distrito de Santa Fé,
no município de Solânea, a 120 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba,
principalmente no dia 19 de fevereiro, dia de sua morte. No Santuário
encontram-se o túmulo onde o padre foi sepultado, a casa onde ele faleceu, um
museu com peças de época usadas pelo Padre Ibiapina, o museu da cada da
farinha, casa dos milagres, anfiteatro, Creche da Criança Padre Ibiapina, Caso
do encontro, casa paroquial, praça de alimentação e açude.
Pascom
– Diocese de Guarabira